segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O BEIJA FLOR


Sabe que às vezes eu posso ser repetitiva, mas acho importante dizer: minha avó sabe das coisas... Acho mesmo que no “frigir dos ovos” a gente acaba recebendo influências das pessoas que vivem ao nosso redor: “me diga com quem andas e eu te direi quem és”, diz ela. E, se você souber escolher, isso pode ser muito bom. Neste final de semana fui para um aniversário de uma amiga, muito querida por sinal, e tive o prazer de conversar algum tempo com a mãe dela, pessoa viajada e observadora do comportamento humano, que curiosamente ela registra na sua máquina fotográfica. E, durante nosso papo ela me disse uma coisa que me chamou muita atenção: “Lu, nós brasileiros estudados, com certa estabilidade financeira, estamos na vanguarda das sociedades. Temos assunto para qualquer tema, conversamos polidamente com qualquer pessoa, compreendemos o que é diversidade e, sobretudo, aceitamos as opiniões externas apenas para avaliação do nosso ponto de vista. E isso é muito importante, porque é através deste comportamento que podemos analisar o que nos é interessante fazer ou não, defender ou não, criar ou não, transformar ou não. Deveríamos levar essa condição aos 190 milhões de brasileiros, fortalecendo nossa condição de cidadão. Mas, infelizmente, nosso povo é dividido em dois grandes grupos: aqueles que estão na condição da passividade, sendo massa de manobra política e aqueles que têm compreensão dessas ações, mas que na maioria dos casos (e olha que são poucas pessoas) tem preconceito do “pobre” e suas preocupações não chegam até eles, já que sua vida (daqueles que tem melhores condições, por menores que elas sejam) não sofre os mesmos impactos. Eles não têm preocupação em ajudar a resolver nenhum problema que não os afligem diretamente.” Depois que ela me disse isso, fiquei parada pensando por um tempo... pensando no que eu ando fazendo para ajudar aqueles que tem problemas diferentes dos meus... pensando no que eu poderia fazer para ajudar mais. Cheguei à conclusão de que esse blog é um instrumento e tanto, e que ele pode me ajudar a ajudar. Não que ele seja a única maneira, mas é uma forma interessante. Através dele eu posso passar as poucas coisas que eu aprendi nesses anos, principalmente sobre as questões morais, que em minha opinião são as mais valiosas, que eu aprendi desde o berço. São aquelas que questionam nossos comportamentos e fazem a gente se impor em determinados momentos. São os conceitos que me orientaram sobre as diferenças entre aquilo que é permitido e o que é devido, e me deixou claro que nem tudo o que eu posso, eu devo fazer. E aí, acabei ficando feliz. Acho que levantar questões, apontar novos pontos de vista e debater assuntos que geralmente são desinteressantes é uma forma de ajudar, e essa desde o início foi a proposta com o blog. Ele pode ser o início para alguém que deseja dar o primeiro passo em direção do próximo. Afirmo isso porque dizem que ninguém consegue ajudar alguém se não conseguir compreender seus próprios limites. Então, seguirei tentando escrever e me fazer compreender, achando que assim posso ajudar. Para vocês, que por um motivo ou por outro lêem meus devaneios (alunos amados, não me odeiem!), espero que me compreendam. Saibam que minha ousadia é maior que eu em pensar que talvez você aceite esses pensamentos pelo menos como um exercício de paciência. É, assim você já vai entendendo melhor seu limite de tolerância, conhecendo-se cada vez mais. Nesse instante, quando você aceitar exercitar, pelo menos a sua paciência, voltaremos ao início da conversa, num estágio mais adiante que antes, pois já destes o primeiro passo. E assim por diante. De toda forma, seu maior desafio é achar um jeito de ajudar, mesmo que seja como aquele Beija-flor, que diante de um grande incêndio na floresta não desistiu, carregando em seu pequeno bico uma gota de água por vez, insistindo que pelo menos assim ele fazia a sua parte e sua atitude motivou toda a bicharada que fugia a voltar. Cada um fez o que pode para acabar com o incêndio... Não é que deu certo?! Que tal você encontrar a sua forma de ajudar? Pode lhe parecer pouco, mas com certeza existem pessoas que precisam exatamente daquilo que você pode dar. Já pensou nisso?

15 comentários:

  1. Lú... esse texto foi MUITOOOOOOOOO legal...
    Eu gosto muito de comentar e ler seus textos aqui no blog, não apenas pela nota, mas porque acho interessante compartilhar pensamentos e opiniões...
    Olha, uma vez eu perguntei pra Deus o que eu poderia fazer pra ajudar mulheres (esse era o meu foco) que estavam com problemas em casa, famílias desestruturadas, casamento quase acabando... daí senti no coração de criar um grupo de oração apenas para mulheres... até hoje trabalho com o GFO (grupo feminino de oração) e digo que é algo que me faz tão bem... Sei que isso é pouco, mas me sinto útil em poder orar por elas, poder ver que elas chegam tristinhas e saem de lá cheias de alegria, com esperança renovada, com vontade de continuar lutando... essas coisas...
    Tenho aprendido muito com tudo isso...
    Pras pessoas pode parecer até algo simples, e é mesmo, mas me doar um pouco e poder ajudar essas mulheres que estão com feridas na alma não tem preço.
    Se cada qual puder dar um pouco, nem que seja o mínimo, de si para o outro, já é um GRANDE começo...

    Bjinhos

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  2. Olha Lú, mas uma vez vou te dizer que pra mim comenta esse blog é um dos momentos de reflexão em minha vida e acredito que você esta ajudando muito a todos nós sim. Gostaria de arruma um meio de ajuda mas as pessoas também, dentro do possível tento ajuda no financeiro, mas o que realmente queria é poder está ao lado deles, tendo um trabalho voluntario onde pudesse escutá-los e dar um pouco de conforto espiritual a eles pois nem sempre o dinheiro resolve tudo na vida, muitas vezes um sorriso e uma boa conversa ajuda muito mas...
    Bjs

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  3. Oi Lu, acho ótimo você abordar esses assuntos humanitários, pois me permite refletir sobre o que estou fazendo para ajudar aqueles que muito necessitam pelo menos de alguém que os ouçam. Na comunidade onde moro,existem muitas pessoas carentes, não só de pão, mas de atenção!Muitas vezes quando fazemos visitas nas casas dessas pessoas elas se dizem doentes, sentindo uma infinidade de coisas que nem elas mesmas conseguem explicar. Qual não é a nossa surpresa quando chegamos ao término da visita! Parecem ser outras pessoas. E pensar que numa sociedade que valoriza apenas o "ter", essas pessoas nunca vão ter voz e nem vez, passando pela vida apenas como espectadoras, nos deixam cada vez mais empenhadas em ajudá-las no que for possível, seja com palavras, alimentos, remédios, enfim o que estiver ao nosso alcance. Beijos!

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  4. Tia Lú, para mim é um privilégio ser sua aluna. Queria eu ser sua seguidora muitas vezes. Não é fácil encontrarmos hj pessoas com o coração tão grande e com tamanha simplicidade. Esse texto me faz refletir sobre minha vida. Não é fácil se doar a outras pessoas, mas eu garanto que fica menos difícil quando podemos nos espelhar em outras pessoas e podemos viver na carne essa realidade. Digo isso pq antigamente eu era muito menos humana e muito, mas muito mais egoísta. Mas no decorrer da minha caminhada tenho encontrado pessoas fantásticas (e vc é uma delas) que me fazem ter um outro olhar, outra direção. Pessoas que estão dispostas a ajudar a mim e aos outros, sem pedir nada em troca. Isso acontece pq essas pessoas sabem q ajudando outras pessoas, estarão ajudando a si mesmo. Portanto, fica a reflexão: "dar de graça o que de graça recebemos", ou ainda: "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles". Bju

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  5. Boa tarde Lu,

    Muito bom esse texto. Precisamos deixar um pouco de egoísmo, e como você diz, quem sabe podemos ajudar as pessoas contando sobre nossas experiências? Talvez possa ajudá-las em algum momento em suas vidas. Parece pouco, mas às vezes nos encontramos em situações que parece sem saída, e conversando com alguém, vemos que esta pessoa já passou por algo parecido e isso nos fortalece. Acredito que dividir nosso conhecimento, aprendizado e experiências já é um bom começo. Eu gosto muito dos seus textos, e muitas vezes me vejo nas situações que você escreve, assim reflito sobre o assunto.

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  6. Oi Lú.
    É por isso que te acompanho, gosto de estar com vc!
    O que su amiga disse q muito certo. Todas as vezes que estou juto a tí sinto uma confiança nas suas palavras inexplicavél.

    Ajudar o próximo está em nossas mãos, bastas querermos, mas nem sempre fazemos e deixamos pra depois o que pode ser muito para outro.

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  7. Sempre procurei em que e quem me inspirar, não sei, talvés em minha criação mãinha tenha me feito perceber que andar de braços dados com alguem amigo nos torne mais fortes e seja mais dificil cair, afinal sempre terei uma mão a mais de apoio.
    Uma cidade construida por iguais a mim, porém tão diferente no todo e na maneira de criar seus filhos a ponto de transformar alguns deles em narcisistas que não reconhecem o passado como história de suas vidas.
    Nós, enquanto cidadãos bem educados, não só podemos como devemos transmitir a outros nossos conhecimentos e quisá não conseguiremos ir além de nossos espelhos e aprendermos cada dia mais com as diferenças.

    Acho que isso foi muito mais um desabafo. rs


    Clotilde Oliveira.

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  8. Oi, Luciana. Oi, amigos do Blog.

    Eu concordo com a fotógrafa que conversou com você: as pessoas que tem acesso a informação, usam ao seu próprio favor e

    assim permitem que esse sistema injusto continue a oprimir os mais fracos, que trabalham para que uma minoria continue

    ostentando seu luxos.
    Eu, assim como o beija-flor da história, não posso apagar o incêndio todo. Nem acho certo colocar comida na boca dos animais

    que tiveram suas tocas queimadas. Assim, sou contra uma ordenação social que gira em torno de assistencialismos para a

    população carente. Acho que a melhor ajuda que podemos oferecer é o que nos privilegia - informação e capacidade de

    discernimento.
    Em tempos medieviais, você nascia rico ou pobre e assim era por toda a vida. Hoje não, quem tem o conhecimento ganha mais e

    isso independe qual é a sua cor, o seu sobrenome ou do lugar onde mora. Nós vivemos na era da informação. Esmolas e vale-gás

    acabam, o conhecimento fica.
    Nós, a esfera livre da sociedade - Sim, LIVRE! Somos jovens, saudáveis e temos oportunidade de sermos quem quisermos - temos

    a responsabilidade de lutar por melhores condições para a base da sociedade, a classe operária, que está alienada, presa a intensas carga-horárias e condicionadas a mediocridade da televisão.
    Sim, caros companheiros! E o que faremos? Sair às ruas, quebrar o Congresso, expulsar os capitalistas e erguer uma sociedade comunista igualitária! Não. Bem menos.
    Repito o que disse em textos anteriores: fazer a nossa parte, ser honesto, responsável. Difundir a informação, abrir os olhos daqueles que ainda estão na caverna de Platão. Enfim, a forma de agir encontra-se dentro de cada um. Mas para isso é preciso coragem e foco.
    Chega de esmolas, só a informação emancipa! Ah, gente mas falando em dinheiro... quem pode me emprestar um real aí?





    ---
    Ricardo Caldeira

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  9. Lú eu acredito que todos procurarm uma pessoas para se espelhar na vida, e vejo que vc tem uma forma muito importante de abordar certos assuntos e isso faz com seus alunos possa pensar e compartilhar suas ideias o que muitas vezes é dificil acontecer,vejo que vc tem uma visão muito ampla da vida e queria poder me espelhar ainda mais em vc.Seus textos são otimos sempre aborda questões socias.

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  10. Tia Lú,

    Seu raciocínio é muito belo, todos nós devemos fazer algo, não só pelos outros, mas pelo TODO.

    Por vezes nosso egoísmo nos faz esquecer, de coisas importantes como a escassez da água e dos recursos naturais, seu texto me fez lembrar de uma época boa em que eu ensinava violão para crianças mais pobres. Seria muito bom se todos usássemos aquilo que aprendemos em função do outro. É isso aí. Parabéns pelo blog.

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  11. Oi Lú,

    Pra te ser sincera eu me preocupo muito com as outras pessoas chegando as vezes ate me esquecer do que eu quero em razão de outras pessoas querer coisas diferentes. Sei que isso pode ser errado mas a minha preocupação com as pessoas que estão ao meu redor é tãooooo grande que fica dificil perceber o quanto estou errada nesse aspecto. Mas sei que gosto de saber como os meus amigos estão, se tem algum problema sempre tento resolver, se não consigo pelo menos tento achar um caminho para amenizar a situação...mas tbm já percebi que muitas vezes essa minha "intenção" nem sempre é vista com bons olhos...mas eu to tentando melhorar um pouquinho e não tentar a todo custo dar uma de "super heroi" porque isso eu não consigo mesmooooooo!!!Mas vou continuar tentandoooooo!!!!

    Bjooooo

    Camila Corrêa

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  12. Ótima iniciativa sua Lu, concerteza esse blog é uma forma de ajudar, pois debatemos sobre assuntos poucos discutidos,mas que não deixa de ser importante para a formação do caráter de cada um. As vezes eu penso em como ajudar também, mas ainda não encontri uma forma para isso, a principio eu penso que a publicidade pode me ajudar a alcançar esse objetivo.

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  13. Tia Lú,temos de deixar de reclamar e passarmos a agradecer.Agradecer pela ajuda que tem nos dado,em sala, no blog,é muito além de sua obrigação, que tem feito por nós,um exemplo é esse blog,que deveriamos vê-lo para nosso proprio apredizado,mas muitas vezes nos conectamos apenas pelos 2 pontos,como somos intereisseiros!
    Muitas vezes existem pessoas dispostas a ajudar,doar um pouco de sí para ajudar o outro,mais nem sempre esse outro tem a capacidade de ser ajudado.

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  14. Tiia Lú, ao comentar o seu blog, o qe eu faço sempre tudo de uma vez.rsr, eu acabo vendo o tanto qe eu preciso mudar, em muitos aspectos, em muitas coisas. Através desses textos eu acabo fazendo todas essas reflexões e vendo o quanto agimos de forma errada, de forma egoísta, pensando seempre em mim mesmos. Realmente so temos a agradecer a vc, por nos dar essa oportunidade de fazermos essas reflexões, qe na maioria das vezes levam a olharmos pra nos mesmos e tentarmos melhorar a cada diia, e passamos a tentar a não somente olharmos para o noso proprio umbigo e sim passar a olhar pras pessoa com mais humildade.
    Obriigada por tudo!!!
    BeeijOO

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  15. Eu ajudo as na minha profissão, dia a dia estou lhe dando com pessoas que precisam muito de mim, embora essa seja uma atividade remunerada, eu a faço com o prazer de ajudar ao próximo, pois sei que algum dia, poderei estar em uma condição semelhante, e gostaria de receber o mesmo carinho e respeito que eu ofereço as pessoas com quem tenho contato.

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