quinta-feira, 3 de agosto de 2023

POR QUE SE SEPARAR DÓI TANTO?


Na estrada da vida, às vezes existem encruzilhadas que nos levam para caminhos inesperados.
Assim aconteceu com Sofia e João, um casal cujo amor brilhava como o sol nascente. Suas risadas eram melodias e suas mãos, entrelaçadas, pareciam inseparáveis e eram reconhecidos como o casal modelo entre os amigos. No entanto, um dia, o inevitável aconteceu. Eles se separaram, deixando para trás um eco de perguntas e uma dor que parecia ter cortado fundo.

Mas por que se separar dói tanto? A resposta está em nossa busca constante por experiências que moldam nossas jornadas individuais. Quando se conheceram, eles amavam viajar, saiam muito pra dançar, passavam horas batendo papo em botecos com os amigos. Viveram assim muitas décadas. A vida era uma grande festa leve e divertida. Criaram uma identidade de cumplicidade e carinho que despertavam a admiração dos conhecidos.

Contudo, após um acidente traumático, Sofia começou a buscar aventuras e explorar novos horizontes. "Quase morri e vi que ainda tinha muita coisa para viver". Durante algum tempo, João realizou com ela parte dessas aventuras. Com o passar do tempo, ele percebeu que essa "correria" já não fazia muito sentido. O que ele queria era estabilidade de um lar tranquilo e de passeios programáveis. Seus corações, uma vez alinhados como estrelas no céu, agora se inclinavam para direções diferentes. O que no começo parecia apenas diferença de vontade, passou a ser um grande descompasso entre as vidas.

Era como se ambos estivessem em um mesmo barco, vendo paisagens distintas. O que um via como uma ilha paradisíaca, o outro enxergava como um desafio emocionante. Suas paixões eram verdadeiras, mas suas ânsias divergentes os puxavam para além das margens do amor que conheciam. E, a convivência se tornou impossível.

João sentia uma dor no meio do peito. Era como se tivessem arrancado o seu coração com a mão. Era como uma ferida aberta que causava até falta de ar e por vezes, achava que iria morrer. Ele ainda não entendia, mas essa ferida continha uma lição profunda. A busca que ela realizava por experiências diferentes o ensinaria sobre a riqueza da individualidade e a importância de crescer como seres humanos únicos. Foi um chamado para explorar os próprios desejos, sonhos e anseios, mesmo que isso signifique se afastar do que conheciam.

No entanto, a história de Sofia e João não termina com a separação. Na verdade, esse foi o começo de uma jornada de autodescoberta e cura. Ele foi percebendo, aos poucos, que a chave para superar a dor estava na compreensão mútua de suas aspirações pessoais. Afinal, ninguém tem as mesmas experiências. E, por isso, os desejos são diferentes. É parte da individualidade.

A dor da separação, embora intensa, trouxe consigo uma oportunidade de aplicar o que ele sempre dizia: "te amo infinito". Ou seja, amar incondicionalmente, mesmo que ela precise viver experiências longe de mim e com outras pessoas. Foi a chance de acompanhar e apoiar as escolhas de quem ele ama, mesmo que essas escolhas os separassem. Afinal, o amor verdadeiro não é apenas sobre estar juntos, mas também sobre permitir que cada um floresça na direção que seu coração os guia.

E João aprendeu que ele não é "dono" dela, nem de nada. Percebeu que essa "neutralidade", fez entender isso. Que eles compartilharam aprendizados enquanto existia troca. Quando a troca acaba, o relacionamento deixa de ter sentido. Mas isso não é condicionamento para um amor verdadeiro. E então, passou a ver o quanto isso é lindo e libertador: podemos aprender juntos e entender que depois, podemos continuar amando, sem limitar ninguém.

A história de Sofia e João nos lembra que, embora a separação doa profundamente, é uma parte essencial de nossa jornada emocional. Aprender a aceitar e compreender a diferença nas aspirações de quem amamos pode ser a chave para transformar a dor da separação em uma jornada de crescimento, cura e amor verdadeiro e duradouro. A dor existe sim e é verdadeira, mas cabe somente a nós, que a sentimos, transformar essa dor em aprendizado e subir mais um degrau no autoconhecimento.